Os economistas chamam isso de maldição dos recursos. Ultimamente, o Brasil parece duplamente amaldiçoado pelas riquezas petrolíferas que uma vez foram responsáveis por impulsioná-lo para o seleto grupo das economias que mais crescem no mundo.
Na terça-feira, uma comissão da Câmara dos Deputados votou pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff, cujo governo está sendo consumido por um escândalo de corrupção envolvendo a Petrobras.
O caos político se estabeleceu enquanto a queda dos preços do petróleo e outras commodities têm afetado profundamente a economia eminentemente exportadora. Agora, a agitação política ameaça fazer o país, e sua economia cambaleante, afundar em mais caos.
E, por se tratar da sétima maior economia do mundo, a contração irá prejudicar também o crescimento a nível mundial.
BRICS dividido
A desaceleração da economia global e a queda dos preços das commodities atingiram o Brasil mais intensamente entre os países emergentes do BRICS. (Variação do PIB, anualizada) Fonte: OCDE
A última estimativa do FMI prevê o aprofundamento da recessão na região e o encolhimento da economia em 0,5% no ano de 2016, o segundo consecutivo de contração. Essa previsão estima a recuperação da economia da região no próximo ano, com uma taxa de crescimento de 1,5%. A estimativa afirma também que muito depende do desenrolar da crise política.
O recente aumento dos preços do petróleo tem dado ao país alguma folga, ainda que temporária, mas não se sabe ao certo se os preços de outras commodities irão recuperar níveis suficientes para ajudar o país à voltar para a esteira do crescimento.
Com a inflação superando os 10% - a mais alta em 13 anos - o Banco Central tem pouco espaço para reduzir as taxas de juros e tentar estimular o crescimento, segundo a Wells Fargo Securities.
"O governo brasileiro não pode contar com receitas (de exportação) para impulsionar a atividade econômica por meio de políticas fiscais expansivas", disse Eugenio Aleman, economista sênior da Wells Fargo. "Enquanto isso, a política monetária tornou-se extremamente contracionista enquanto o Banco Central continua a combater a inflação".