Na terça-feira, o governo socialista venezuelano decretou que funcionários públicos trabalhassem apenas dois dias por semana para economizar energia na atual situação de crise no país sul-americano, membro da OPEP
Presidente Nicolas Maduro já havia concedido folga nas sextas-feiras dos meses de abril e maio para mais de 2,8 milhões de funcionários públicos de modo a reduzir o consumo de eletricidade.
A seca reduziu os níveis de água na principal barragem e hidrelétrica, em Guri, a números alarmantes. A barragem fornece cerca de 2/3 da energia do país.
A escassez de água e os cortes na electricidade chegam para se somar às dificuldades dos 30 milhões venezuelanos, que já enfrentam uma recessão brutal, falta produtos essenciais como leite e medicamentos, aumento dos preços, e longas filas nas lojas.
Maduro, de 53 anos, que sucedeu Hugo Chávez, falecido em 2013, e atualmente enfrenta pressão da oposição para removê-lo por meio de um referendo revogatório, pediu compreensão e apoio.
"O Guri tornou-se praticamente um deserto. Mas essas medidas iremos salvá-lo ", disse, acrescentando que a queda diária do nível da água caiu para 20 centímetros de 10.
ESCÁRNIO DA OPOSIÇÃO
Depois de meses de interrupções não programadas, nessa semana o governo deu inicio a um racionamento de energia elétrica programada na maior parte da Venezuela, com exceção da capital Caracas, provocando protestos esporádicos em algumas cidades.
Maduro também mudou os relógios para que haja meia hora a mais de luz. Pediu às mulheres para reduzir o uso de aparelhos como secadores de cabelo, e decretou que shoppings devam fornecer os seus próprios geradores.
Em relação à medida envolvendo o setor público, o governo está excluiu os funcionários em setores sensíveis, como o de alimentos.
Os salários serão pagos integralmente, apesar da limita de dois dias.
Os críticos têm ridicularizado Maduro por conceder folga aos funcionários, argumentando que isso prejudicaria a produtividade nacional e que a medida seria ineficiente para economizar eletricidade, pois as pessoas iriam simplesmente utilizar aparelhos elétricos em casa.
"Maduro diz que 'nós do governo não paramos de trabalhar, nem por um segundo'. Claro. Exceto quartas, quintas, sextas, sábados e domingos!", satirizou Leonardo Padron, colunista pró-oposição do jornal El Nacional, via Twitter.
Autoridades disseram que o fenômeno climático El Niño seria responsável pela escassez de eletricidade na Venezuela. Mas os críticos acusam o governo de investimentos inadequados, corrupção, ineficiência, além de falhar na diversificação das fontes de energia do país.